Crise do coronavírus faz planos de saúde cancelarem autorizações para exames e cirurgias
Pandemia afeta procedimentos sem urgência, como mamografia, colonoscopia e endoscopia
Diante da pandemia do novo coronavírus, operadoras de saúde estão cancelando novas autorizações para exames e cirurgias que não se enquadrem em casos de urgência e emergência. Até senhas já liberadas têm sido postergadas.
Nesta quinta (19), a Amil, a maior operadora de planos de saúde no país, comunicou que estava adiando novas autorizações de procedimentos feitos em ambiente hospitalar a partir de orientações do Ministério da Saúde.
“Essa decisão preserva leitos hospitalares para os pacientes acometidos pelo vírus da Covid-19”, diz a operadora.
Para os casos de autorizações já concedidas, a operadora recomenda que os hospitais avaliem com seus pacientes a possibilidade de adiamento dos procedimentos.
A decisão será mantida enquanto durar o estado de emergência de saúde pública, segundo a Amil.
A Notredame Intermédica também cancelou as cirurgias eletivas e os exames de colonoscopia. Está recomendado ainda que seus beneficiários evitem consultas médicas e idas aos pronto-socorros.
Para o diretor Paulo Chapchap, diretor do Hospital Sírio-Libanês, há cirurgias que não são exatamente urgentes, mas que não podem esperar três meses para acontecer.
“Um câncer de mama, de intestino, de fígado, de estômago, você tem que continuar, não dá para parar porque esse indivíduo vai ter uma progressão da doença e vai ter chance de cura menor”, diz.
Outras cirurgias, como uma rotura de ligamento de joelho, causam sofrimento e também não deveriam ser adiadas, segundo ele.
“A pessoa não consegue subir e descer escada, não consegue pisar, tem de tomar um monte de anti-inflamatórios, às vezes opioides. Vamos esperar três meses?”, questiona.
Já outras operações e exames como mamografia, colonoscopia e endoscopia, quando de rotina, podem ser adiados, segundo ele. “Os pacientes estão entendendo muito bem e até pedindo para não irem a um ambiente hospitalar neste momento.”
Mas também há exceções para o caso de exames. “Tivemos um paciente que fez quimioterapia e precisamos fazer uma endoscopia para saber se ele é operável ou não.”
Para Chapchap, é errado os convênios negarem sumariamente autorização para casos que não se enquadrem como urgentes. “Eles não têm como saber cada caso específico.”